Quando olho para trás não vejo dias; vejo pensamentos e sentimentos. Mal sei sequenciar tudo quanto tenho feito e, por muito que tenha sido, mal me lembro. Não me lembro até de me lembrar. A contagem do dia não é feita pelos dedos, mas pelas batidas cardíacas que se esbatem no fluxo sanguíneo pelo meu corpo num eco vazio [e sonoramente esvaziado]. De sexta - o máximo que alcanço - lembro-me de me ter esquecido de comprar o jornal; dei conta quando me faltou o livro de companhia na cama. De ontem lembro-me de me ter esquecido de comprar alho; reinventei a receita o melhor que me foi possível e a criatividade (re)criou(-se) até no sabor que as minhas papilas aguentaram. De hoje lembro-me de me ter esquecido de abrir a garrafa de vinho ao almoço para o meu pai; apercebi-me quando fui encontrá-lo em busca de um saca-rolhas no meio dos mil e um apetrechos da minha cozinha. Mas amanhã, com toda a certeza, não me lembrarei de esquecer o olhar triste e preocupado dos meus pais; esse fixou-se em mim como se parte da pouca pele que novamente tenho a cobrir os ossos. Perdi peso de novo... e a roupa perde-se em mim de larguezas. Começo a desesperar sem saber o que fazer. O meu corpo não me responde; não mais me respeita. Hoje, quando meio-mundo-menos-uma quer perder peso, eu só (re)penso maneiras de ganhá-lo.
Sunday, November 29, 2009
Saturday, November 28, 2009
Mãos
Entram em mais um dia sapateando no teclado. As minhas. Estas que falam comigo. Estas que me afirmam e me desmentem na rapidez dos pulsos que correm. Antes se embrulhassem na sua suavidade mimando um rosto. Antes aquecessem em festas um peito de encosto. Antes afagassem o cabelo que delas se liberta fugidio. Antes massajassem todo o território de umas costas que acreditam conhecer. Antes se deixassem descansar entrelaçadas nos dedos das outras mãos que seguram mesmo quando nada há a apertar por entre dedos, nada mais que o vazio por onde o tempo escorre. Estas mãos. As minhas. Estas que me confessam na rapidez dos pulsos que correm.
Friday, November 27, 2009
Wednesday, November 25, 2009
Morango ainda sem champagne
Esta manhã sentei-me na sugestão de Caeiro junto a uma janela predilecta, não com a sua Arte na mão escorrendo como um rio perante os meus olhos, mas com um iogurte de puro aroma de morango. É o mais perto que consigo do champagne com morangos que poderia ter desfrutado na celebração de mais um passo em frente. Opção, acreditem. E os meus amigos que se perguntam desde já porque não lhes enviei mensagem a contar do suposto grande feito não se inquietem - sabe quem tem de saber porque foi um "suposto grande" feito a dois. Vocês, meus amigos, que me conhecem, sabem que as minhas pernas nem sempre se movem no à vontade desejado mesmo que a vontade me seja superior às forças; sabem como me tremem os ossos, como de alguma forma subtil vou brincando com o lábio em jeito de entreter a emoção e para me envolver em razão e deixar tudo fluir naturalmente. Parece contraditório, eu sei. Mas é apenas a minha maneira de dar um chega-para-lá ao medo, à insegurança, ao que sou. Se fosse eu Pessoa, diria que esta é a minha maneira de me outrar. Vocês, meus amigos, sabem que cada passo que dou agora não dou sozinha, porque eu nunca estou sozinha. E sabem-no porque acredito que o sentem. Só assim consigo avançar - a dois; e avanço determinada nessa força. Por isso, ontem, quando a noite segredou o reboliço da cidade e o quietou nas suas luzes celebrei na única maneira possível de celebrar - com aquele que está sempre comigo, porque parte de mim e eterno sócio do meu coração. E sorri.
Então, esta manhã sentei-me na sugestão de Caeiro junto a uma janela predilecta saboreando o puro aroma dos morangos que guardara dias antes no frigorífico. E fiquei sossegada a ver as gotas desfeitas pelo chão que haviam molhado o exterior, quebrada pelo frio que me penetrava pelos poros e com a vontade infinita de me enfiar de novo sob o edredon e deixar-me adormecer para mais um dia; mais um daqueles dias que espero que vão passando até ao dia que espero por chegar.
Tuesday, November 24, 2009
Desafio: a sexualidade da rainha em 20.000 palavras?
Culinária e sexualidade. Preenchem-me horas nestes últimos dias. São mais do que conceitos por cada canto da casa, pela zona onde trabalho e a zona onde descanso e aquela que fica no intervalo do indeterminado. Respiro inspirando e expirando, vivo e pareço alimentar-me de culinária e sexualidade estes dias e sem moderação num aperto temporal que se esbanja na passagem dos minutos corridos.
Eça, diz-se e di-lo ele mesmo, reduzia ironicamente as mulheres a estas duas Artes, estas mesmas que para muitos não têm qualquer semelhança e que para outros são sinónimos de prazer. E eu que ando entre a culinária e a sexualidade estes dias pergunto-me se não serão um tanto ou quanto a mesma coisa: a entrega total, a atenção, o cuidado, o agrado, a partilha, a expressão acesa do que nos vai no coração e na alma, o desejo...
Sempre ouvi dizer que nestas Artes a entrega deve ser a mesma. Ou não?
Sunday, November 22, 2009
Depois de ver o 2012 e de chorar estupidamente em partes do dito só desejo que...
...oxalá, Coração, tenhamos nós muito tempo juntos.
Nesta hora em que busco o caminho para a cama...
Se alguém souber onde me ficaram as mãos, aquelas que desliza(ra)m em massagens de entrega física e espiritual, aquelas que não mais sinto em mim neste momento, por favor que me avise... Se alguém souber onde se me estendem as pernas agora, aquelas com que palmilho a cidade grande e reencontro a cidade pequena, aquelas que suportam todo o meu peso e por vezes me arrastam por entre o estar-se só na multidão, por favor que me avise... Se alguém souber de mim hoje, por favor que me avise. Os olhos pesam-me demasiado e nada mais sei nestes minutos.
Saturday, November 21, 2009
(Des)Encaixada no fim de semana
Eu tenho caixas, caixinhas, caixotes, envelopes, pacotes e pacotões. Chegam aos pares e em trio como gémeos (quase) não esperados. Mas ainda bem que chegam. Tenho os pequenos em testes, responsabilidades, livros por ler e para ler, revistas por espreitar e arrumar, catálogos por desaparecer e por marcar, páginas por escrever e enviar, cadeiras em fila indiana e o cabelo apanhado. Andar de cabelo apanhado há dias é em mim sinal de quem ainda não parou e só se lembra da cama pelo conforto que lhe dá.
Não tenho horas nem minutos nem segundos não ocupados. Não tenho tempo para tudo o que quero e para tudo o que preciso fazer ou mesmo para o que tenho de fazer. Mas faço o Tempo. À minha medida e a tempo...
Mesmo assim, às vezes, a vontade que dá é empacotar o tempo, descansar as pernas, desatar o cabelo sob água bem morna no chuveiro e esquecer que o tempo lá de fora hoje rega a capital e, pelo que me dizem, outros espaços e espacinhos do país.
Dickens e o Natal
Quem for ver o novo filme Disney em 3D com base no Conto de Natal de Charles Dickens sai da sala de cinema com toda uma nova perspectiva da realidade... e da importância de ver ou não ver bem e melhor.
Wednesday, November 18, 2009
De índios e cowboys e pessoas mais comuns
Uma comunicação a apresentar possivelmente dentro de meses no Canadá despertou-me. Não são muitas as alturas em que recordo aquele país, aquelas gentes tão diferentes, aqueles aromas desiguais, os esquilos que correm e as pessoas que pelas ruas andam num mesmo andamento. Das imagens que mais tenho marcadas na memória é a da loja de decorações natalícias que está aberta durante todo o ano no centro de Montreal. Nem sempre penso nisso, mas sempre que vejo uma casa bem decorada para a Época lembro-me do cheiro a azevinho e quase sinto tilintar nas minhas orelhas os sinos que badalam suave e alegremente quando se entra naquele espaço quase celestial. Não tenho cidade preferida, mas Montreal de alguma forma me diz mais que as outras daquele território. Talvez pelo velho porto e os barcos que navegam pelo Saint Lawrence, a Notre Dame e a sua luz aveludada, os restaurantes da Place Jacques Cartier ou as lojas da rue Saint Paul, a comida grega ao lado do Bonanza ou até pelo Sam que a refilar lá ía atravessando com a limosine a cidade como eu lhe pedia a cada saída sem destino. Lembro-me também da universidade, da camisola que de lá trouxe e que ainda hoje visto e das conversas imperceptíveis dos estudantes nos corredores que se silenciavam no passo da entrada da biblioteca recheada de livros. E lembro bem a bandeira da província, da asteada às quatro estações por onde passava quando me ía deliciar à Dairy Queen e da que trouxe presa na mão quando embarquei no gigante da TAP.
Assim vejo-me grega!
Xoriátiki saláta
Três tomates grandes, duas cebolas roxas, dois pepinos e um pimento verde cortados em juliana. A juntar cerca de 15o gramas de queijo Feta, uns 100 gramas de azeitonas pretas e óregãos a gosto. Regar tudo com o tempero: vinagrete de azeite, sal, pimenta e um pouco de vinagre.
Se eu nunca fui à Grécia...
... como acordei a pensar em Kourabiédes?
Uma chávena de manteiga sem sal bem batida. A juntar gradualmente meia chávena de açúcar em pó, uma gema de ovo e uma colher de sopa de conhaque o brandy. Depois três chávenas de farinha simples e uma colher de chá de fermento em pó. Há então que amassar bem e ir misturando uma chávena de amêndoa picada. Quando bem amassado e misturado basta esticar a massa e cortar nas formas que desejamos. Restam vinte e cinco minutos de espera, o tempo em que a massa agora nas suas várias formas recortada vai ao forno a cerca de 125º num tabuleiro bem untado com manteiga. A melhor parte vem no fim: depois de polvilhadas ainda quentes em açúcar em pó, há que comer as bolachas! :o)
Não entendo.
Da marca do café que bebem à do chá. Da marca da máquina em que fazem o café à marca da chávena em que bebem o chá. Da quantidade de canais de TV ao número de lugares do sofá da sala. Do salário do outro que se julga mais alto ao que têm como seu e como mais baixo. Do carro que o outro conduz ao que querem conduzir. Do jardim da casa ao espaço do sótão. Do número de lugares de estacionamento às pessoas que nos saúdam na rua. Dos quilos que se têm a mais aos quilos que se têm a menos. Do penteado ao corte de cabelo. Das cores da roupa à marca que se julga terem por trás. Da vida que se vê fazer à vida que se julga que faz... Por que raio têm as pessoas a mania de competir por futilidades?
Quando a noite caiu...
... mais um momento (fugidio) muito feliz.
A P falara-me em tempos do inesperado; como eu o espero agora! Sempre! A AR falara-me em tempos que a Felicidade não existe, mas apenas momentos felizes; como eu acredito nisso!
Tuesday, November 17, 2009
De Vidda
Numa caixa que embrulhava papéis e tiras e notas talvez perdidas encontrei Vidda. Sossegado nas folhas brancas onde o havia copiado da tela de computador. Com o mesmo jeito doce, elegante, carinhoso e sedutor. Nem sei há quantos anos me fez companhia nos minutos que levei a escrevê-lo. Não ligo a essas coisas. Não tomo nota dessas coisas. Não tomo notas sequer para reproduzir essas coisas. Como Vidda, que correu ao meu reencontro ontem, andam também uma Flor e uma Borboleta, uma Zabescaza e um sem número de outras gentes com que me fui encontrando na ponta dos dedos.
Mas ontem foi Vidda quem me fez companhia ao jantar e do alto da sua grandeza me lembrou, vaga e gradualmente, de que a sua existência tem sido mais demorada que as lembranças do D na pediatria do Instituto que nasceram depois; daquela capacidade que às vezes se desfaz em mim de crer que, quando queremos e acreditamos, muito pouco ou nada nos é impossível. Vidda lembrou-me também que o A Grande ficou de lhe dar corpo nos seus calções com suspensórios azuis e que eu sinto saudades deste teclar criador que - sem saber porquê - fui deixando de sapatear.
Talvez parta eu agora a esse reencontro.
O frio lembrou-me... também da farinheira
Li há tempos esta receita algures. Talvez no Cinco Quartos de Laranja. Hoje por caso lembrei-me dela e não deve tardar muito a que a faça. Não fosse a falta de tempo que me faz ficar pela sopa de castanhas hoje ao almoço e arregaçaria as mangas para petiscar este manjar. Picaria duas cebolas e dois dentes de alho para um tacho, mistura que ligaria com azeite para refogar a cebola e acrescentar cerca de meia a uma cenoura em cubinhos. Quebraria o lume para brando e adicionaria uns 300 gramas de arroz e cerca de um decilitro de vinho branco. Sempre mexendo para misturar ou envolver e não deixar que nada se agarre ao tacho. Entretanto escaldaria cerca de seis folhas da couve lombarda e corta-las-ia em tirinhas (tão bem quanto me é possível, pois a minha prática nestas coisas não é muita!!!) e retiraria a pele da farinheira para, ao colocar tudo dentro do tacho quando o arroz está quase cozido, estar tudo com a melhor das apresentações e o melhor sabor. Bastam uns minutos. Estando o arroz cozido, tudo está pronto a ser saboreado. Eis na vossa mesa Arroz de Farinheira e Couve!
Num S. Martinho mais atrasado...
... sopa de castanhas
É simples e delicioso. Basta cozer cerca de 100 gramas de feijão encarnado e 250 gramas de castanhas descascadas e bem limpas em água e sal qb até as castanhas ficarem bem macias. Depois, é temperar a gosto - geralmente recorro a um pouco de margarina (pouco mais que uma unha de polegar) porque ajuda a aveludar o preparado, uma pitadinha de pimenta branca para dar mais sabor, meia ou uma cebola bem picadinha e um pouco de chouriço e de presunto cortados em pedacinhos. Nada de abusos. É deixar cozer e ir mexendo durante cerca de trinta minutos e rectificar a quantidade de água e o tempero. Depois há que adicionar massa fininha e um pouco de azeite e deixar cozer mais dez minutos. Mexe-se uma vez por outra. É um preparado a comer, com ou sem pão torrado, triturado ou não, bem quente. Delicioso!
Monday, November 16, 2009
Saturday, November 14, 2009
Friday, November 13, 2009
Este é o texto do saber do Bernardo
Falo-lhes tanto de Pessoa. Falo-lhes de pessoas na realidade. Lembro-os que o são. Por vezes parecem(-me) tão esquecidos... E depois, por vezes, recebem-me em palavras que me surpreendem, que se tornam tão inesperadas quanto o sol que me bate nos olhos e não chega sequer a perturbar no calor de um mimo a quem nos quer e queremos bem (é nesses momentos que vemos tão melhor!!).
Do alto dos seus vinte anos tenho poemas do I para a miúda que ama, daqueles que escreve com alma e coração e me pede que corrija para não passar vergonha; outros não teriam vergonha das palavras mal escritas, mas do poema que as coisas do coração lhe escrevem. Do alto dos seus quase vinte anos tenho do J a sabedoria de uma adolescência requintada de descobertas e de certezas que só os adultos se atrevem a questionar - eu não devo sê-lo na verdade porque não o questiono; limito-me a ouvir. Do alto dos seus menos de vinte anos escreve o B para que eu corrija sobre o Sol, o Sonho e a Razão... E eu corrijo apenas a ortografia por nada mais haver talvez a corrigir. Como disse Pessoa, "Sentir? Sinta quem lê!". Como eu o sinto! Ai, como eu o sinto!
"Todas as pessoas têm hipóteses. Hipótese de dizer mamã ou papá quando aprendem a falar. Têm a hipótese de escolher o amigo x para a equipa do que quer que seja. Têm a hipótese de escolher o curso para que vão ou mesmo o carro que desejam comprar.
Mas será que toda a gente possui a hipótese de ter Amor na sua vida? Aquele amor que nos liga aos outros, aos bens pessoais ou mesmo a nós próprios? Há quem não acredite em Amor (...). Mas será que é mesmo assim ou somos nós que simplesmente não lhe damos uma hipótese? Somos nós que não damos a hipótese a certa pessoa do beijo que ela merece e que nós tanto anseamos dar. Somos nós que inventamos demasiadas complicações para evitarmos estar com as pessoas de quem gostamos e que gostam de nós. Somos nós que guardamos demasiada preguiça para tentar alcançar os sonhos que temos ou algo que queiramos. Somos assim... Somos assim porque temos medo. Medo de sofrer, de amar e não ser correspondido, de querer beijar e não ser beijado ou mesmo de tentar alcançar algo e não conseguir. Medo de uma sociedade fria e escura que nos contagia até aos ossos.
Porque não existe um sol? Todas as pessoas merecem o seu sol. (...) Claro que, muitas vezes, existem dificuldades ou mesmo precalços, mas a vida é mesmo assim. (...) Apenas quando lutamos e desejamos realmente algo ou alguém é que esse algo ou alguém se torna realmente nosso e ficará connosco para sempre.Por isso chega de conversa, acabem de ler e vão procurar o vosso sol. Dêem-lhe uma hipótese. Porque eu já encontrei o meu."
Mas será que toda a gente possui a hipótese de ter Amor na sua vida? Aquele amor que nos liga aos outros, aos bens pessoais ou mesmo a nós próprios? Há quem não acredite em Amor (...). Mas será que é mesmo assim ou somos nós que simplesmente não lhe damos uma hipótese? Somos nós que não damos a hipótese a certa pessoa do beijo que ela merece e que nós tanto anseamos dar. Somos nós que inventamos demasiadas complicações para evitarmos estar com as pessoas de quem gostamos e que gostam de nós. Somos nós que guardamos demasiada preguiça para tentar alcançar os sonhos que temos ou algo que queiramos. Somos assim... Somos assim porque temos medo. Medo de sofrer, de amar e não ser correspondido, de querer beijar e não ser beijado ou mesmo de tentar alcançar algo e não conseguir. Medo de uma sociedade fria e escura que nos contagia até aos ossos.
Porque não existe um sol? Todas as pessoas merecem o seu sol. (...) Claro que, muitas vezes, existem dificuldades ou mesmo precalços, mas a vida é mesmo assim. (...) Apenas quando lutamos e desejamos realmente algo ou alguém é que esse algo ou alguém se torna realmente nosso e ficará connosco para sempre.Por isso chega de conversa, acabem de ler e vão procurar o vosso sol. Dêem-lhe uma hipótese. Porque eu já encontrei o meu."
Leva-me aos fados
Tenho encontro marcado com Ana Moura sábado. O sossego da noite, o trinar das guitarras no embalo das violas. Ela levar-me-á pela mão como criança pequena que descobre novos mundos no mundo. Far-me-á emocionar em lágrimas com o fado que me lembra alguém, com o fado que me lembra o que vivi com alguém, com o fado que me lembra o que não vivi com alguém, com o fado que me faz crer poder ir vivendo. Ana Moura levar-me-á aos fados, caminhando isenta de passagem na sua voz, embrulhada nos versos dos poemas de outros cuja poesia poderia tantas vezes ser minha. Está marcado para sábado. E eu estou já no cais de embarque para essa viagem.
Tuesday, November 10, 2009
Porque também aquece em dias frios
Enzo Bianchi, lembrou-me Laurinda Alves, afirma que tudo o que sabe sobre a vida e o amor aprendeu com o fogo. Acrescenta Laurinda Alves nesse texto que me passou pelos olhos que "um fogo que arde nunca deixa ninguém indiferente". Concordo. Suscita as mais variadas reproduções, realidades, sentimentos, atitudes... e nem sempre é destrutivamente sinónimo de arder. Não tem de sê-lo. Há que acreditar nisso.
Também eu ando nessa rua
O Montepio Geral apoiou, elas cantaram e encantaram e (o) Tordo não ficou torto de as ouvir. Quando o país se lembra dos seus poetas é sempre de aplaudir de pé. Ary dos Santos e a sua obra poética foram homenageados, celebrados, lembrados e versados nas vozes de Luanda Cozetti, Mafalda Arnauth, Susana Félix e Viviane. O projecto Rua da Saudade é um projecto a não perder.
Lembrança à minha cabeça
A lixívia queima. Queima as mãos, os dedos, a pele. Arde, dói e sangra. Sangra mesmo muito. Enquanto não souberem as minhas mãos fazer o que quer que seja de luvas, então que nada façam que peça luvas para sua defesa gritantemente.
Senhor Camões, como eu o entendo!
"Doces lembranças da passada glória,
que me tirou Fortuna roubadora,
deixai-me repousar em paz uma hora,
que comigo ganhais pouca vitória (...)."
Saturday, November 07, 2009
Wednesday, November 04, 2009
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