Saturday, October 31, 2009
A fábula do porco-espinho
Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram juntar-se em grupos, porque assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente. Mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor. Por isso, decidiram afastar-se uns dos outros e voltaram a morrer congelados. Então precisavam de fazer uma escolha: ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros. Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos... Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor um do outro... E assim sobreviveram.
Moral da História: o melhor de um relacionamento não é o que une pessoas perfeitas, mas aquele em que cada um aprende a conviver com os seus defeitos e os defeitos do outro e a admirar as suas qualidades.
Moral da História: o melhor de um relacionamento não é o que une pessoas perfeitas, mas aquele em que cada um aprende a conviver com os seus defeitos e os defeitos do outro e a admirar as suas qualidades.
Wednesday, October 28, 2009
Sunday, October 25, 2009
Também eu...
“Tenho saudades de deitar a cabeça no colo da minha avó só para ela me fazer festas no cabelo. Muitas vezes sinto que ainda preciso dela para isso”. - António Lobo Antunes em entrevista a Judite de Sousa
As paredes que me confessam
O meu pediatra, o Dr. A - que é daqueles que desejamos para os nosso filhos e sobrinhos e pequenitos de quem muito gostamos, está igual: a mesma atenção, o mesmo ar despistado quase à Professor Pardal, o mesmo sorriso, a mesma voz, a mesma calma, a mesma atenção às mães nervosas e aos pais inquietos, o mesmo homem de mãos ternas. Mesmo depois de tantos anos passados. Mas o consultório do meu pediatra está bem diferente. Diferente lugar, diferente tinta nas paredes, diferentes tons... e toda a família Pan a navegar pelas paredes. Sininho, Wendy, Michael, Peter. E o menino Peter Pan que me faz questionar a simbologia na minha visita de ontem.
Saturday, October 24, 2009
Nada como um sábado de manhã...
... com uma consulta no pediatra. Só para reviver tempos idos.
A primeira coisa que me perguntou? A idade!!!
Friday, October 23, 2009
E se se deixassem ouvir uma vez por outra?
"O bom do escudeiro ajuda a velhinha a atravessar a estrada, embora não seja nada evidente que a velhinha quisesse atravessar a estrada. Mas uma boa acção nunca pede licença."
- Pedro Mexia em Ler Outubro 2009
Thursday, October 22, 2009
Wednesday, October 21, 2009
O dia acordou choroso
Tapei o espelho do espaço. Demasiado espaço de reflexo para o que não se quer ver. Há coisas que não vale a pena sequer espreitar. Pelo menos não hoje. O vazio afinal também se espelha e vê-lo ali é tomar consciência de que é. No chão, a alcatifá-lo, as roupas de ontem, as compras desta manhã, papéis importantes em qualquer coisa e a minha sombra enegrecida pelo dia. Mais roupas. Mais calçado. Mais papéis. Mais sombras. Tudo isso é chão. E eu sou tudo isso. Em toda essa bagunça.
Sunday, October 18, 2009
Thursday, October 15, 2009
Wednesday, October 14, 2009
Susto
Há coisas que me inquietam o coração. O medo é uma delas. É um desconforto contínuo e perpétuo, um acordar sem chegar a adormecer, um pesadelo que se carrega sem escolha, um sofrer antecipado num presente que se galga ao futuro.
Tuesday, October 13, 2009
Objectivas
A minha paixão pela fotografia ressuscitou num daqueles dias em que o sol me estala na cara ao acordar quase em sobressalto. É o primeiro flash do dia num dia que não necessita de flashes. É um dia como tantos outros, seja lá o que isso quer dizer. É ter mil e um olhos bem observadores quando os meus dois desejam por instantes fechar-se. Mas estaria agora capaz de nesse embalo passar horas a fotografar os peixes que se perdem nas voltas limitadas a uma mesmo aquário, o livro mais recentemente lido no meu novo chão, as pessoas que desconheço e que me são vultos sem identidade, as saudades que sinto e no meu corpo se materializam, cada pormenor desse sorriso que conheço tão bem. Tenho a câmara ligada e os olhos velados pelo instante em que se dispara. Hoje fotografaria até aqueles a quem chamam vândalos, esses mesmos com quem eu me sento à mesa umas quantas vezes por semana e com quem ganho algum tempo... e, por vezes, dores de cabeça.
Monday, October 12, 2009
Sunday, October 11, 2009
À lei do chumbo pelas pernas
Avisa-se a quem idiota de direito e dever que em nada agradam as armadilhas espalhadas pela fazenda da senhora minha avó, apresentando-se desde já desagrado com justificação própria e pessoal:
1. Trata-se de propriedade privada: lá que andem a caçar passarinhos e coelhinhos na fazenda dos outros ainda se fecham os olhos - mesmo se só por dificuldades em controlar a situação, mas javalis já é demasiado;
2. As armadilhas nunca são boa ideia, principalmente quando uma jovem-mulher-também-da-cidade se lembra de, antes de regressar à capital, apanhar umas quantas azeitonas de mesa para retalhar e não deseja absolutamente (e sublinhe-se a palavra "absolutamente") perder uma das pernas. Afinal, não só a fazenda é da senhora minha avó como as pernas são minhas.
Por nada mais haver a acrescentar fica o aviso ao caçador, idiota de direito e de dever, que eu também dou chumbos. Sempre que necessário e/ou obrigatório enquanto resultado da acção ou não acção de outro.
Saturday, October 10, 2009
Blues
Ontem passaste na névoa de um casaco branco que vestias, no levantar da minha cabeça que prendera pelo enjoo da minha própria tristeza baixa sobre o colo, nesta minha incerteza de que tudo terá sido verdadeiramente real. Mas o meu coração bateu mais forte. Bateu-me no peito. Bateu-me nas pernas. Bateu-me nas mãos. Bateu-me nos dentes. Todo o meu corpo cansado em vida respondeu a ti.
Passaste na névoa do teu casaco branco naquela tarde que me parecia infindável e desejei que aqueles segundos em que te olhei fossem mais infindáveis que qualquer tarde assim. Os ponteiros do meu relógio retardaram como os da minha vida desde um dia. Atrasados. Como eu para um dia que se sonha até mesmo sem olhos fechados. E nessa noite, como em todas as outras, dormes a meu lado, no meu abraço, na batida que ainda sinto agora em cada uma das minhas veias, que batem no teu passo compassado e no compasso da música que se ensaia para o concerto desta noite. Também isso é vida. Como os blues, como o folk, como o country que esta noite, bem menos que tu quando ontem passaste na névoa de um casaco branco que vestias, me encherão o corpo sob os focos de luz. Também isso é vida.
Friday, October 09, 2009
Foi a 6 de Outubro
Uma destas tardes estive com ML. Ouvi-a. Atentamente. Senti-me como se lesse cada uma das suas palavras. São poucas as pessoas que se expressam assim, daquela maneira suave e determinada com que falava, decidida de conhecimento e sugestiva das maiores verdades. Senti-me como se tudo o que li por ela escrito até àquele momento nada mais fosse que palavras que ali, naquele filme ainda a negro e fragmentado de uma década qualquer mais antiga, ganhavam a vida da voz que as preenchia. Será essa uma das maiores verdades, talvez: há palavras que só ganham valor na voz que lhes dá vida; outras que de tão em surdina esperam a oportunidade de um dia aparecer.
Wednesday, October 07, 2009
Nada a declarar
Estes têm sido daqueles dias em que teria tanto a contar-te. Naquele entusiasmo que tão bem conheces e eu já não (re)conheço em mim. E esses dias agora passaram e nada mais há a contar.
Monday, October 05, 2009
No selim
As manhãs continuam a gritar-se estivais ou de uma primavera descoordenada porque adiantada no tempo. O D esta manhã pediu-me, do alto dos seus oito anos intensamente vividos, que me montasse na bicicleta e atravessasse todo o percurso com ele. Eu do baixo das minhas décadas senti necessidade de pensar se seria possível sem vergonha, mas no mesmo instante puxei do guiador, aperaltei o monta-cargas e descolei paralela ao D. Agora sinto toda a viagem alucinante por entre casas e fazendas em cada músculo do meu corpo, mas numa vontade estranha de voltar a repetir a dose enquanto as manhãs se gritarem. E o D, esse, está sempre pronto para pedaladas e jogos de bola e groselhas frescas e mimo - enfim, está sempre pronto para a vida.
Sunday, October 04, 2009
Sim, Agustina, longos dias têm cem anos
Agustina diz que longos dias têm cem anos. Os meus são hoje longos e sem anos. São daqueles que passam sem passar, sem sentirmos nada de nada porque sentimos de tudo. Tenho hoje dias de sol em que chove, momentos em que o voo das abelhas nas flores que me cobrem os cabelos me cegam de sons constantes aliterativos. Fazem zzzzzzz e zzzzzzz e esvaziam-me nesse enfadonho. Sinto que vivo assim cem anos nesses sem anos que ainda não vivi. É a publicidade que as abelhas fazem de mim mesma.
Saturday, October 03, 2009
Friday, October 02, 2009
Nhac!!!
Sim, tenham pena de mim. Muita. Estou a tomar diariamente e mais do que uma vez óleo de fígado de bacalhau. Ainda só não lhe descobri o noticiado sabor a banana...
Thursday, October 01, 2009
Apontamento
O A Pequeno estreou-se na escola dos mais pequeninos. Sem choro lá ficou vaidoso no seu bibe.
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