Estou sentada na cadeira de posição lótus a ver a noite a cair e a piscar os olhos ao relógio. A esta hora deveria estar sentada numa primeira fila a ver o pequeno A a mostrar o ar da sua graça na dança que lhe ensinam há semanas na escolinha. Deveria dentro de segundos me levantar aplaudindo entusiasticamente para que visse o meu melhor sorriso no meu rosto, para que também ele sorrisse naquelas covinhas-de-menino-traquina adoráveis que faz e, depois, os dois estivessemos a dançar juntos por mais um bocadinho em mimos no final da festa de Natal como na minha sala quando sozinhos. Pergunto-me o que pensará quando olhar para a plateia. Nesse instante creio que o pequeno A não verá ninguém da sua gente. Temo-o. E eu, silenciosa e secretamente, desejo apenas que os seus quase-três-anos o impeçam de compreender que nenhum desses seus pronomes possessivos ali não está e que não lhe permita a inconsciência natural nas crianças de se questionar porquê.
A esta distância, aqui sentada, consigo imaginá-lo meio envergonhado, como quando se esconde atrás das minhas pernas ao falarem-lhe e no mesmo segundo imagino-o amanhã palrando atrás de mim pela casa a contar tudo e mais alguma coisa enquanto estamos verdadeiramente juntos.
Agora... Queria mesmo lá estar. Medi todas as possibilidades e mais algumas. É-me impossível. Agora...
1 comment:
Seja em que idade for.. NADA nos é verdadeiramente impossível.. não é impossível estares sempre com o pequeno A e muito menos impossível ele compreender que tudo o que os seus pronomes pessoais lhe são estarão sempre com ele, dentro dele.. e que todos os sorrisos são presentes porque partem de dentro de nós :)
Assim por aqui passei para que os vossos sorrisos não se voltem a esconder atrás das pernas das inuteis incompatibilidades da vida.
bjns
pezi
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