Gosto do teu irmão. Porque gosto. Por não haver forma de não gostar.
Gosto de todas as coisas nele e dele em todas as coisas. Gosto de todos os sentidos e do seu sentir. Gosto do Verbo maior de quatro letras que nele faz sentido. Gosto porque gosto.
Gosto de todas as coisas pequenas: perfume, relógio, do jazz, dos Santos, do Avilez. Todas as pequenas coisas ganham a sua importância porque nele. Também por isso eu gosto.
Gosto principalmente das grandes coisas, das maiores, das melhores: do fim do dia na Avenida e de uma bola cheia de beijo, do molhado da relva do jardim num concerto a dois, dos haagen daz derretidos pelo esturricar do sol, das conversas inesperadas, do fresco dos degraus, dos ponteiros que (ainda hoje) marcam sempre a mesma hora, das manhãs que acordam solarengas e ofuscam uma conta que quase fica por pagar... Gosto, sim, do sorriso silencioso e do riso inesperadamente cantante, dos olhos que me espelham cuidadosamente, da voz que me fala e da atenção que me ouve. Gosto de tudo aquilo que a vida não lhe consegue roubar.
Gosto do teu irmão. Porque gosto. Gosto dessa parte de mim.
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