Um dia destes hei-de ir prender um cadeado a Florença e lançar a chave ao rio.
Saturday, May 30, 2009
Wednesday, May 27, 2009
Timings
De timings percebo eu: "Eu adoro-te rapariga. Mas tens um mau timing. Acordaste-me...". Quando será que deixo de ouvir isto dos meus amigos quando me decido a telefonar-lhes?
Sunday, May 24, 2009
Os carros em andamento em 2014, dizem
A invisibilidade no masculino
«Muitos rapazes sonham ser invisíveis. Eu era de certo modo invisível. Jamais fui surpreendido enquanto roubava dinheiro do bolso do meu pai nem enquanto dormia num ou noutro dos meus esconderijos. Também parecia invisível no meio dos irmãos, talvez porque, ao estar no meio, os mais velhos me consideravam pequeno e os mais novos, velho. A fronteira, a terra-de-ninguém, a não pertença, o território da escrita. Só a minha mãe me via e olhava para mim com uma expressão preocupada de que eu gostava. E que me magoava. Talvez gostasse porque me magoava. Talvez ela soubesse. Um dia, ao almoço, referiu-se a uma pessoa que afirmou ser cleptomaníaca. Quando um dos meus irmãos lhe perguntou o significado daquela estranha palavra, respondeu dirigindo-se a mim, que fiquei sem pingo de sangue na cara durante uns segundos, até que, talvez por piedade, desviou o olhar. A minha mãe tinha capacidades de adivinhação.Mais adiante, animado pela impunidade dos meus furtos, e já numa carreira desenfreada para a delinquência, levei a cabo uma incursão na carteira do meu pai, da qual retirei uma nota de cinco pesetas (uma fortuna). Com essa nota, transformada em moedas, poderia ver a rua da cave do Vitaminas durante o resto da minha vida (durante o resto da vida dele, para falar com exactidão). Tinha as pernas a tremer quando saí com a nota para a realidade, a arfar como um asmático. Realizei o furto à hora da sesta e tive a nota no meu bolso até às sete da tarde. A essa hora compreendi que nem a minha consciência suportaria o peso de um delito daquela natureza nem a polícia seria tão desajeitada que não desse com o ladrão quando o meu pai denunciasse o desaparecimento.»
[in O Mundo, de Juan José Millás, trad. de Luísa Diogo e Carlos Torres, Planeta, 2009]
[in O Mundo, de Juan José Millás, trad. de Luísa Diogo e Carlos Torres, Planeta, 2009]
Thursday, May 21, 2009
Mais uma a la Saramago
"Espera-se que a escola eduque e a escola não o pode fazer porque não sabe e, mesmo sabendo, não tem os meios que seriam necessários. A educação é outra coisa! Fazia parte das obrigações da família, digamos assim, e de alguma forma também de uma sociedade educada que necessariamente produziria mais ou menos cidadãos educados."
Wednesday, May 20, 2009
Monday, May 18, 2009
Batas Brancas II
Lembram-se das "minhas boxers novas cor de rosa vivo de Milú branco pintado"? Um sr. dr. qualquer-coisa-seja-beeenvinda acabou de vê-las e não foi nada confortável... Acho que têm mais piada quando em casa.
Batas brancas
Comecei o dia sob observação de outrem. Uma maca fria. A minha pele nessa frieza. Dois olhos que não sabem o meu nome colhendo atentamente cada um dos meus poros. Duas mãos atenciosas procurando o que não sei nomear em cada espacinho de mim. O meu sorriso maior na hora da despedida para um intervalo que tem dias contados e sessões contínuas em fila de espera.
O dia compensou-me o mau acordar com o teu sorriso. Minutos depois. Importantes.
E o dia ainda não acabou...
Sunday, May 17, 2009
A prática masculina
Saturday, May 16, 2009
Mesmo em dias cinzentos
Andrew Lloyd Weber quer a até-há-pouco-tempo-desconhecida-e-desempregada Susan Boyle num dos seus próximos espectáculos, um francês trocou um rim por um emprego, o teletrabalho é considerado uma tábua de salvação e um miúdo americano de doze anos conseguiu um emprego de sonho - e de pesadelo para os dentes - na Swizzels Matlow de New Mills: é o novo provador de doces. O mundo realmente não pára de girar... e as notícias de acontecer.
Thursday, May 14, 2009
Os lábios conversam. As vaginas monologam.
Sim, as vaginas falam. E em monólogos.
Pelo menos no Casino de Lisboa. Proximamente.
Amores pessoanos
Quando me falam em cartas de amor falam-me sempre em Pessoa. Não sei se gostaria de receber essas. Não sei se saberia ao certo que ele-Pessoa me estaria a escrever... E essas coisas são sempre complicadas.
Wednesday, May 13, 2009
Aqui me confesso
Ontem perdi a procissão das velas. Sinto-a como a sinto. Vejo-a como uma invasão cesariana, como o campo meets a cidade em todo aquele percurso que se escorre pela 5 de Outubro. Mas ontem abusei da fraternidade; ontem partilhei felicidade; ontem generosamente me ofereci em mimos. Possivelmente devo ter perdão.
Só tenho no meio disto tudo a pena de ter perdido a procissão.
Tuesday, May 12, 2009
Sunday, May 10, 2009
Mesmo nos dias escuros...
o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.
- José Luís Peixoto
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.
- José Luís Peixoto
Thursday, May 07, 2009
Eu desejo, tu desejas?
Desejar é um novo verbo para mim.
Tem duas pessoas. A primeira. A segunda. As duas no singular. Um singular que busca um plural tão singular. Um singular que busca uma primeira plural.
Desejar é um novo verbo para mim.
Por vezes... (demasiadas) rima com paciência.
Monday, May 04, 2009
Feira I
Reconheço o Parque por cada passo dado entre bancas de livros. Cresci assim. Reconhecer espaços - muitos... - muitas vezes só dessa forma. E a cada passo dado saboreio ainda no ar a passagem de Eça adquirida ainda em Escudos talvez em 99 ou as memórias do elefante de Lobo Antunes pagas a Euros e levadas lá para casa uns anitos mais tarde.
Na verdade, compro livros em todo o lado. Só não em muitas mãos pela velhice, o pó e a alergia que me supera e me impede de os ler. Na verdade, compro livros em muitas moedas. Moedas e notas, que os livros, mesmo quando não dignamente anotados, pedem notas no instante do pagamento.
É um vício. Caro, diriam muitos. Eu prefiro pensar que de muitos vícios que poderia ter tenho este e outros três e que só um deles não requisita pagamento - nem mesmo em moedas - quando consumido. Eu prefiro pensar que todos os meus vícios não provocam overdose, mesmo se matando... o tempo quando este não encontra outras maneiras de se matar a si mesmo.
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