Rita

Eu gosto da Rita. Gosto dos seus red shoes. Gosto do nome. Gosto da voz. Gosto das palavras. Gosto dos sons. Gosto da descontracção e gosto da maneira como se desenrasca em palco e fora dele. Gosto da timidez com que parece falar com o público e da maneira natural como faz rir. Gosto da maneira como humildemente sorri e se sente feliz em palco. Gosto daquela capacidade de fazer cada um sentir-se feliz por estar a ouvi-la. Sente-se que é natural. Ali quem está é a Rita calçada nos seus red shoes. E as mãos da Rita que esvoaçam e tocam todas as cordas e todas as teclas como se tocar assim carinhosamente fosse simples e à mão de cada um.

Gosto da Rita. Gosto dos red shoes e da maneira como batem um num outro quando se movimenta como uma marioneta que se descobriu livre. Mas gosto ainda mais da liberdade que oferece ao seu público. A mesma liberdade dos seus gestos e do seu cabelo.

Gosto da maneira como os músicos tocam ao toque da Rita e da sua voz. Gosto de como o show - de tão espontâneo e revestido das suas paixões pela música que transbordam - parece um ensaio que se partilha com amigos numa garagem qualquer.

Gosto da Rita. Gosto dos red shoes. E gosto de acreditar que ela sabe que outros acordam também com música na cabeça. Gosto de acordar assim e com a música dela nos ouvidos. Só não gosto de não sermos vizinhas. Aquele piano dela boa companhia me podia fazer...