Wednesday, October 10, 2007

Cativeiro

Aparentemente a polémica estava instalada mesmo antes da estreia de Captivity-Cativeiro. O que numa leitura simples do filme não se percebe. Não é um filme de terror puro, mas um thriller intenso que parece jogar psicologicamente com o que se sugeriria previsível. A fama tem destas coisas e o marketing também. Para ler mais

1 comment:

Anonymous said...

Gostava de sentir que nem tudo é fugaz como os sentimentos. Gostava de acordar e de adormecer com o mesmo sorriso de uma criança feliz, uma criança para quem o tempo e o espaço não são problemas "metafísicos".

No fundo, acho que queria ser essa criança. Acho que queria ser capaz de ter um filtro nos olhos que me permitisse ver tudo cor-de-rosa, que me permitisse transformar o real em verdadeiros contos de fadas que se dissipam no ar como o fumo, no tempo de um simples abrir e fechar de olhos. De repente acordamos e ao nosso lado não vimos o urso de peluche sorridente, mas sim uma carta debaixo da almofada a dizer "Bem-vinda à realidade. Agora que já te retirámos o filtro dos olhos, vais ver as verdadeiras cores da realidade, mas não te assustes com a tamanha escuridão que vais encontrar".

Também eu li essa carta um dia e foi a pior coisa que alguma vez podia ter acontecido. Roubaram-me o filtro, roubaram-me os sorrisos verdadeiros, roubaram-me os dias luminosos, roubaram-me os ursos de peluche, roubaram-me a crença nas histórias e nas vidas que acabavam sempre com um final feliz para os bons e com um castigo para os maus. Roubaram-me tudo isso e forçaram-me a entrar num mundo em que nunca quis estar. Habituei-me por ser impossível voltar atrás, mas sempre inconformada. Inconformada por não ter tido liberdade para escolher os meus passos e por ser obrigada a entrar no desconhecido e no escuro que sempre me assustaram. E eu prezo pela liberdade, acima de tudo.

Tive, então, de encontrar uma forma de escapar a esse medo. Quando temos muito medo e não o conseguimos enfrentar refugiamo-nos nalgum sítio. Eu encontrei um sítio para mim e por instantes senti-me bem. Mas nada é como o mundo da infância. Nada substitui isso, porque por mais que nos queiramos reter nesse mundo, a verdade é que o facto de estarmos no mundo "real" mostra-nos tantas coisas que nunca mais somos capazes de encontrar novamente o olhar da infância. Esse olhar morreu no dia em que lemos a carta que um dia alguém coloca debaixo da nossa almofada.

"Welcome to the cruel world". Um dia, talvez na velhice ou noutro momento, responderei: "Goodbye cruel world". Só queria ser uma verdadeira criança para sempre. Só isso... Mas já alguém me retirou a hipótese de concretizar tal desejo.