É importante, sem dúvida, lembrar o 25 de Abril. No entanto, mais importante que isso, parece-me, é lembrar o 24. Da Revolução todos sabem, pelo menos, um bocadinho: foram uns senhores vestidos de verde que entraram em Lisboa numa espécie de carrinhas da Prosegur (mas com um cano à frente) e que se juntaram para mudar a situação do país. Então, uma senhora vendedora de flores (não um indiano, como eu ontem vi no desfile - e com muito agrado, diga-se…) que passava por ali decidiu oferecer cravos ao militares e ao povo.
Bom… então e antes? Para se compreender bem uma mudança é necessário saber o que aconteceu antes e o que aconteceu depois. Como é possível que se repitam vezes sem conta as histórias da madrugada de 25, sem que se conheça, perceba e divulgue a "noite de 24"?
Talvez seja por isso que assistimos, hoje, a um branqueamento progressivo do fascismo e daquilo que de mal ele nos trouxe (tanto aos meus avós como à minha geração, claro). Talvez seja por isso que a ignorância faça eleger salazar como o melhor português de sempre. Talvez seja por isso que uma série de outras coisas continuam a existir e a acontecer.
Portanto, essa madrugada porque Sophia esperava não é o início, mas sim o final da história. Conta-la assim, sem mais nada, é começar a construir uma casa pelo telhado.
2 comments:
=)
Suponho que não preciso de dizer nada, pois certamente adivinhas o tipo de sorriso que eu fiz ao ler o texto.
É importante, sem dúvida, lembrar o 25 de Abril. No entanto, mais importante que isso, parece-me, é lembrar o 24.
Da Revolução todos sabem, pelo menos, um bocadinho: foram uns senhores vestidos de verde que entraram em Lisboa numa espécie de carrinhas da Prosegur (mas com um cano à frente) e que se juntaram para mudar a situação do país. Então, uma senhora vendedora de flores (não um indiano, como eu ontem vi no desfile - e com muito agrado, diga-se…) que passava por ali decidiu oferecer cravos ao militares e ao povo.
Bom… então e antes?
Para se compreender bem uma mudança é necessário saber o que aconteceu antes e o que aconteceu depois.
Como é possível que se repitam vezes sem conta as histórias da madrugada de 25, sem que se conheça, perceba e divulgue a "noite de 24"?
Talvez seja por isso que assistimos, hoje, a um branqueamento progressivo do fascismo e daquilo que de mal ele nos trouxe (tanto aos meus avós como à minha geração, claro). Talvez seja por isso que a ignorância faça eleger salazar como o melhor português de sempre. Talvez seja por isso que uma série de outras coisas continuam a existir e a acontecer.
Portanto, essa madrugada porque Sophia esperava não é o início, mas sim o final da história. Conta-la assim, sem mais nada, é começar a construir uma casa pelo telhado.
Um beijinho de feliz 26 de Abril,
JFC
PS: Excelente blog, senhora professora!
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