Saturday, October 07, 2006

Xana Debaixo do sol falando de Paixões


«O filósofo e as paixões, de Michael Meyer, é uma reflexão sobre o que há de mais irreflectido na natureza humana: as paixões. Perturbante, a paixão é simultaneamente a esperança secreta de uma alternativa a um quotidiano demasiadamente monótono e rígido e um antídoto para a densidade caótica de uma sociedade massiva que reprime e pesa sobre os sentimentos mais leves. A paixão desequilibra, é irracional, deita por terra o pragmatismo e as regras mais elementares de uma convivência uniformizada.
Porque desafiam a razão, a maioria dos filósofos não gostam das paixões. Diz-nos Kant:" ninguém deseja por si mesmo a paixão". De facto, quem é que gostaria de se deixar acorrentar quando poderia ser livre? Pelo que, se terá de concluir que a submissão às emoções e às paixões é, de qualquer modo, uma doença da alma: em ambos os casos a razão perde o seu domínio. Numa carta a Letícia, Kafka desabafa: "Não conseguiste compreender o imenso poder que o meu trabalho tem sobre mim...eras não só a minha melhor amiga, como também a maior inimiga, pelo menos do ponto de vista do trabalho".Porque não nos livramos então das paixões?» - in revista Os Meus Livros, Outubro de 2006

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